sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Segunda sessão de quimioterapia.




31/10/2008 - Segunda sessão de quimioterapia.

Meus cabelos já estão indo embora. Mas eles vão voltar com mais vitalidade.
Pra quem sempre teve o maior zelo com as madeixas, é difícil senti-las nas mãos.
Despedi dos meus cabelos... Foram trinta e três anos cuidando deles. Muito bem cuidado, bem lavado, hidratado, escovado. Quantas vezes pintados, cortados, tantas mudanças.
Maria Cláudia foi a responsável em passar a máquina. Eu serei eternamente grata. Jamais vou esquecer esse dia e vamos rir muito ainda, né Claudinha????????????????? Obrigada querida!!!!

Recebi um e-mail de um amigo que não vejo há muito tempo (Tuco), nele dizia: - você está tomando doses dos três melhores "remédios", que são: AMIGOS, FAMÍLIA e DEUS!

Levantei cedo, tomei meu cafezinho, minha consulta é a tarde 15:00.
Fomos para a clínica...eu, Dani e minha tia Lena.
Tudo normal, o mesmo procedimento da primeira. Sorinho, antináusea e, em seguida, a enfermeira com a bandeja cheia de siringas.
Começa o procedimento.
Estávamos conversando, eu falando que é difícil aceitar a queda do cabelo, de me olhar no espelho e não ter a moldura do meu rosto. A enfermeira ali, participando da conversa também. Ela trocou umas palavras com outra menina e, de repente, chega essa menina com uma peruca. Eu olhei, peguei, experimentei, fiquei encantada com a perfeição da peruca, mas logo pensei... isso deve ser muito caro, sendo que havia acabado de mandar fazer a minha. Aliás, a minha peruca foi feita com o meu próprio cabelo. Logo perguntei para a enfermeira quanto custava. Ela respondeu: - Se você gostou, pode ficar com ela; uma paciente deixou aqui conosco para dar a alguém que precisasse.
Gente!!!!! Vocês não fazem idéia da minha emoção. Fiquei muito contente, super feliz.

O Maurício ao chegar olhou para mim e deu aquele sorriso. Há recompensa maior????

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Primeira sessão de quimioterapia.

0/10/2008 - Primeira sessão de quimioterapia.

A semana foi horrível. Estava uma pilha de nervos. Uma angústia que tomou conta de todas as minhas emoções. Uma ansiedade sem tamanho.

Agora, passada a experiência inicial, pude perceber que toda a angústia que senti era decorrente do medo de imaginar quais poderiam ser as minhas reações, de imaginar como meu organismo reagiria.A quinta-feira não chegava nunca, esperando a liberação do procedimento e correndo atrás dos demais preparativos para fazer minha sessão de químio. Preparação psicológica também. Uma luta contra o desconhecido. Até que chegou o grande dia. Tudo pronto para começar a minha primeira sessão.

Fui com minha irmã, chegamos e pegamos a senha. Olhei ao lado, tantas pessoas passando pela mesma situação que a minha. Engraçado... parecia que ali eu era a "diferente"... pareciam que todos lá já eram da casa... todos pareciam tão à vontade. E eu ali, completamente aflita.
Para a minha surpresa, a atendente me chamou e informou que não poderia iniciar meu tratamento sem que antes eu falasse com o médico responsável. Nossa!!! Fiquei tão brava, irritada. Puxa! Ninguém havia me explicado isso. Estava ali, não foi fácil me programar, me preparar e, de repente, tendo que adiar. Mas tudo bem. Não era pra ser aquele dia. Remarquei para o dia seguinte. Deus tem o tempo dele, não é mesmo?
Realmente, era para ser no dia seguinte. Assim, o Maurício pôde me acompanhar, estar ao me lado, segurando minha mão e fazendo uma oração para que Deus estivesse ali conosco. Minha irmã nos acompanhou, participou da consulta, ficou o tempo todo ali conosco. Uma graça de irmã. Tão adorável, tão prestativa e tão amiga.
Bom, chegamos, fizemos a consulta e fomos para o quartinho. A clínica oferece a opção de um quarto reservado, em que podemos ficar com nossos acompanhantes, igual a um quarto de hospital, com uma cama, televisão, sofá... ou, então, tem a ala coletiva, onde tem várias poltronas em que as pessoas ficam juntas, compartilhando sua história, trocando idéias, experiências. Nessa minha “primeira vez”, achei melhor ficar num lugar mais reservado.
Chega o enfermeiro, procura a veia, coloca um soro e pede para eu avisar assim que terminasse. Isso é para hidratação. Em seguida, veio com a medicação para náusea. Após, veio outra enfermeira, com uma máscara no rosto. Assustei, mas tudo bem. Com uma bandeja na mão... cheiaaaaaa de injeções. Imagina minha cara, olhando para aquela bandeja. Tinha injeções com líquidos transparentes e outras mais com um líquido vermelho. Acho que oito ao todo. Grandes, bem grandes. Mas lembrei da frase: "Gotas da cura". Remédio que vai me curar.
Uma mocinha calma, serena, transmitindo uma paz, dizendo quais possíveis reações, etc e tal.
Em seguida, começa a aplicação. E ela foi me perguntando, "está doendo?, queimando, sentindo alguma coisa?"...Graças a Deus, não senti nada. Naquele momento, não consegui conter as lágrimas, disfarçando para que o Mau e a Dani não percebessem. Uma tristeza tomou conta do meu coração.
Terminada a aplicação, que, do primeiro soro até a última injeção, deve ter levado cerca de duas horas e meia, saímos de lá e fomos para casa.Providenciamos os remédios necessários pós tratamento no caminho.No retorno, pegamos um trânsito congestionado. O Mau estava super impaciente. Falei para ele que tinha coisa muito pior. Ele concordou e não disse mais nenhuma palavra de reclamação.

E eu fiquei ali naquele carro, só esperando por alguma reação. De repente, comecei a ficar cansada. A sensação é igual a de quando estamos com uma gripe muito forte e que o corpo pede uma cama para você deitar e descansar.
Cheguei em casa e fui direto para o sofá. Fiquei ali deitada um tempão, sentindo apenas esse cansaço. Tomei os remédios e fui me deitar. Por volta da meia noite, começaram as náuseas. Não havia posição confortável para aquela situação. Uma e pouco da manhã vieram os vômitos. Eu não sabia o que era pior.
Fiquei tão triste. Fiquei pensando: como é que pode, eu estava tão bem??? Como é que pode eu chegar bem e sair desse jeito!!!??? Normalmente, você fica mal, vai para um hospital, para um atendimento e sai bem... no meu caso não.A madrugada foi perturbada. O cansaço só aumentava.
No sábado, fiquei totalmente prostrada. Continuavam as náuseas, mas graças a Deus o vômito tinha parado. A Dani fez canjinha. O Mau ficou o tempo todo trazendo gatorade, água, suco. E a Eduarda dando carinho o tempo todo.Minha família toda preocupada. Minha mãe mais nervosa que todos. Tadinha, eu posso imaginar a angústia dela, longe da filha. Ainda bem que consegui falar com ela. Acho que foi possível passar uma certa tranqüilidade a ela.
Domingo já levantei melhor. Comparado ao sábado estava ótima. A alimentação ainda foi leve, devagar para ver como eu reagiria.
Dia das crianças, a Eduarda acordou cedo e foi para o meu quarto. Entregamos os presentinhos e ela ficou toda feliz. A tarde saiu com o Luciano, foi curtir o seu grande dia ao lado do pai. E o Maurício também foi embora, para poder compartilhar, também, esse dia com suas filhas.
Foi triste dar tchau, afinal iria ficar sozinha. Mas entrei em casa, fechei tudo, deitei e descansei.
E a noite, fui à igreja, buscar a palavra de Deus, para renovar minhas forças. Minha cabeça está boa o meu corpo não corresponde, mas fé em Deus não me falta.

"Vitória é a arte de você continuar, onde os outros resolvem parar.!"

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Preparação

Não foi uma opção mudar o visual. Foi uma preparação para receber a reação do meu tratamento.